Revelados os segredos sobre a construção das teias das aranhas

Rubrica Científica

Desde há muito tempo que a complexidade geométrica e o estereótipo das teias de aranha têm gerado interesse na sua origem algorítmica. Tal como outros exemplos de arquitetura animal, a construção de teias de aranha é o resultado de vários passos de montagem que são impulsionados por distintas fases comportamentais coordenadas para construir uma estrutura bem-sucedida. Apesar de observações manuais revelarem uma variedade de pistas sensoriais e padrões de movimento utilizados durante a construção da teia, ainda não existem métodos capazes de quantificar sistematicamente a dinâmica destes padrões sensório-motores.

Recentemente, cientistas da Universidade Johns Hopkins têm utilizado inteligência artificial e visão noturna para estabelecer concretamente como as aranhas constroem as suas teias. Em primeiro lugar, os mesmos tiveram de documentar e analisar regularmente as capacidades motoras e os comportamentos envolvidos nestes animais, cujos cérebros são relativamente pequenos. Foram selecionadas seis pequenas aranhas noturnas, de uma espécie específica nativa do oeste dos Estados Unidos, dado que não requerem condições de humidade e pelo facto de conseguirem coexistir facilmente umas com as outras.

A nível laboratorial, cada aranha foi colocada numa caixa de acrílico, sob uma luz infravermelha. Todas as noites as aranhas foram gravadas utilizando uma câmara específica que funcionava a uma velocidade bastante rápida, de modo a capturar todos os seus pequenos movimentos enquanto construíam as suas teias. Assim, os investigadores puderam rastrear as milhões de ações individuais das pernas aracnídeas com um algoritmo concebido especialmente para detetar o movimento dos seus membros corporais.

Deste modo, os investigadores descobriram que os comportamentos de criação de teias são tão semelhantes entre aranhas individuais que foram capazes de prever em que parte de uma teia uma aranha estava a trabalhar apenas observando a posição de uma perna. Esta equipa de investigação acredita que este algoritmo funcionaria para outras espécies de aranhas, pelo que tencionam explorar este fenómeno no futuro. Além disso, creem que os resultados em estudo poderão oferecer pistas sobre como compreender sistemas cerebrais maiores em outros seres vivos, incluindo humanos.

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