Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna venceram o prémio anunciado esta quarta-feira pela Real Academia Sueca, em Estocolmo. As cientistas, investigadora do Instituto Max Planck, na Alemanha, e investigadora do Instituto de Medicina Howard Hughes, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, respetivamente, foram galardoadas com o prémio Nobel da Química.
O método CRISPR-Cas9, qual actua como "tesouras genéticas", representa um marco na engenharia genética permitindo uma fácil manipulação e modificação do genoma.
"Veio revolucionar as ciências da vida. Podemos facilmente editar os genomas como desejado"
O sistema CRISPR-Cas9 está naturalmente presente nas archaea e em bactérias como resposta do sistema imunitário contra vírus e plasmídeos invasores. Permite a inserção ou emissão de um gene conforme o pretendido, com auxilio de um RNA complementar ao gene desejado.
Este método tem várias áreas de aplicação, como as doenças neurodegenerativas (Alzheimer e Parkinson), corrigir genes humanos defeituosos que causam patologias como a diabetes ou distrofia muscular e, ainda, permite a manipulação genética de plantas.
"Reescrever o código da vida"
Devido ao poder que o sistema CRISPR-Cas9 possui, diversos problemas éticos têm sido levantados na comunidade científica e não só. Um deles tendo sido referente ao médico chinês que modificou geneticamente gémeas, tentando conferir-lhes resistência ao HIV.
Várias são as investigações atuais que contam com esta técnica no desenvolvimento dos seus trabalhos. Quanto ao facto do prémio ser atribuído pela primeira vez a duas mulheres, Emmanuelle Charpentier desafia as raparigas que gostem de ciência a seguir o seu sonho, tendo demonstrado ser possível o sexo feminino ter impacto na investigação e ser premiado pelo seu trabalho.